Ás vezes dá aquela vontade sem sentido de ser Cult, falar bonito – no meu caso escrever- andar bonito, ler e fazer cara de quem passa de primeira em Medicina na USP. Dá vontade de ser um ser só você, uma coisa meio que única e misturada à massa de uma forma que se destaque, dá vontade de confundir todo mundo, usar palavra complicada.
Mas na maioria das vezes dá vontade de só usar palavra mesmo. Usar até gastar, a ponta do lápis. Mas legal mesmo é fazer a metalinguagem (que me lembra meu aprendizado escolar, isso que é Cult), falar como se soubesse mesmo o que estou falando. Pensar faz bem, faz as idéias ficarem frescas...
E um dia, em um dia que der, vontade der, rouba-se a regra
da língua e muda-se a concordância só pra roubar uma vitrola, uns vinis do
Caetano (e da Sandy pra relembrar, quem sabe) e resolver fumar uma bala de
goma. Aí repete, repete, repete a música que você gosta. Ou que quer decorar
pra mostrar que fez tudo isso mesmo.
Tem vezes que dá vontade de ficar sozinho e filosofar, de
jogar todas as roupas pra cima e vestir a que cair mais perto. Dá vontade de
inventar moda, roubar o caixa da lojinha chinesa pra gastar no brechó e na
doceria.
Tem dia que só você entende o que diz, tipo agora, será?
Ninguém se integra no seu mundo, na sua realidade alternativa do País
Maravilhoso infestado de gatos sumindo e voltando.
As idéias são curtas aqui, por que o mundo todo não é
transmitido em palavras (quase todo, mas não todo). Acabou a vontade.