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terça-feira, 26 de agosto de 2014

Rotina

Preencho os espaços vazios na minha cama; cobertores, livros, flores. Coisas macias, pensamentos duros. Só pra fingir que você ta ali, logo ali atrás, à distância de um virar de olho, de uma respiração mais profunda pra ouvir um "que foi, amor?", de um virar pra abraçar e colocar a cabeça em seu pescoço pra dormir sentindo seu cheiro doce...
Ao me levantar, passo o dia preenchendo espaços deixados pela sua ausência: um bom dia aqui, um abraço ali, um chocolate pra suprir carências acolá... preencho o dia todo pra que chegue logo a noite vazia de novo. E assim, indo desse jeito meio capenga, os dias vão se arrastando ocos pra que chegue logo um novo momento de me encher de você.

domingo, 15 de junho de 2014

Afogado.

Às vezes parece que toda a água do corpo vai se acabar. É que a dor é tanta que tem que transbordar. O corpo transborda em água.
Porque nesse mundo, todo dia agradável tem um preço. Todo sorriso aparece, não por alegria, mas por ter aliviado a dor um pouquinho - isso já é uma regalia!
Amar alguém é a atitude mais errada e trata-lá mal "pelo bem dela" faz muito mais sentido e tem muito mais adeptos.
Se importar com os outros te faz tão incrível que te ridicularizam: "Ah, você ta brincando, né?" E não espere retorno. Vai morrer esperando.
Ter problemas é comum; mas não me fale deles! Gosto de você feliz, pra eu poder falar sobre meus assuntos felizes que são tão mentira quanto os seus, mas fazem tudo parecer tão mais fácil...
E quando você deita sua cabeça no travesseiro a noite, fecha os olhos e sente todo o peso do dia, ninguém ta te olhando. Ninguém vê sua dor explodir. Ninguém acredita ou consola. Ninguém resolve por você. É apenas você, afogado na sua própria água e sozinho.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Amizade Platônica

Eu tenho atração por amigos. Não quero dizer que amigos meus são atraentes para mim e sim que desconhecidos me atraem a ser amiga deles.
Acontece sempre na primeira frase, no primeiro olhar, tipo amor à primeira vista. Tem que me surpreender, mas nem precisa ser tão incrível assim. Às vezes é só uma pessoa bem comum e dentro das regras. Às vezes é só o corte de cabelo. Às vezes é só um relato de uma gentileza feita para um outro alguém (nesses casos ocorre de eu nem ter que ver a pessoa para me atrair).
Sei que é algo forte, incontrolável. É difícil agir naturalmente, tentar uma abordagem comum, porque a ânsia de ter mil coisas em comum, rir de bobeiras, sair pros mesmos lugares, ser íntimos a ponto de compartilhar segredos, brigar por nada, ter alguém para conversar, enfim, é tão grande que é complicado administrar.
Muitas vezes eu não consegui a amizade dessas pessoas. Fiquei triste, claro, mas a gente acaba esquecendo. Outras vezes eu não desisti e espero que essas durem por muito tempo.
O fato é que elas nunca me decepcionaram. Sempre eram tão divertidas quanto imaginei (ou melhores!) e valeram muito a pena. Sei que meu coração não falha.
Mas por mais que esses amigos sejam ótimos e eu tenha alguns que durem essa minha vida toda, os que se apaixonaram amigavelmente por mim são sempre os melhores.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Peço

Hoje só peço pra que não me faça. Não me faça chorar mais. Não me faça rir. O riso também dói. Puxa oxigênio, faz sentir o vazio no meu peito.
Peço que não me deixe. Não me deixe só. Não me deixe lembrar de tudo, mas não me deixe esquecer o passado. Não me deixe tomar decisões e nem deixar tudo pra lá. Não me deixe desistir.
Peço que não desista também. Nem de você, nem de mim, nem de nós, nem do futuro.
Não peço que converse comigo, não peço que me abrace, não peço que me ame. Não cobro isso hoje.
Porque hoje eu estou vazia, sou um grande buraco de infinito. E, hoje, você também se perdeu nele.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Olá ao adeus.

Adoro quando te vejo de longe e, mesmo sem enxergar, já leio no seu rosto um sorriso indiscreto, quase óbvio - o mesmo que está escandalosamente estampado nas minhas expressões. A nossa ansiedade ridícula faz o resto do mundo sumir e o coração se agitar num ritmo desigual e descompassado, como numa orquestra sem regente.
E vendo de perto o sorriso que está ainda mais aberto e sem graça, eu sinto meu coração derreter e escorrer pelas minhas veias, numa espécie de queimação gostosa, quase que um torpor consciente.
Entrelaço suas mãos nas minhas e conforme alterno entre carícias leves e passionais, nos amamos secretamente num código que só a gente entende.
Enfim sós, seus lábios tocam os meus e automaticamente sinto os meus sentidos me abandonando e meu corpo cedendo, o que me causa uma leve tontura prazerosa. Vou sendo conduzida por movimentos certeiros a um mundo paralelo onde só existe seu cheiro, seu gosto e o calor de sua pele.
Despertando do transe, abro um sorriso incontrolável, indicando que sou sua. Estou praticamente sem forças, mas qualquer risada sua me faz reviver instantaneamente.
Quando você se vai, enxergo nos seus olhos os meus pedindo pra ficar e fazer tudo de novo, sofrendo com a perda de uma esperançazinha de que aquilo iria durar pra sempre...
Mas nós sabemos que vai. Que, até nosso último suspiro, seremos uma alma só, completa e incessantemente apaixonada.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Agora mesmo.

Eu queria estar dançando,
só dançando com você.
Te guiar pela mão
Segurar firme pra não te perder.
Rodar pelo mundo todo
Pra mostrar pra todo mundo
que só eu amo você.

Mas enfim, quem é você?
Você me faz me perder em mim
E quando eu to assim, assim
Seu sorriso se espalha
E se ilumina.

Daí você vem me derretendo
a cada palavra, um batimento;
a cada hora, um sentimento;
a cada verso um clichê.

Mas você é bicho esperto e me engana
me leva e trás só de piscar.
Me faz de boba e me convence a ficar.

Me falta até rima pra te descrever.
Você me puxa até o sorriso que não quero dar.
É que eu sei muito bem
Que, mesmo se o mundo acabar,
Vou me forçar a sobreviver
Só pra continuar a te amar.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Só um olhar.

Hoje não vou ser óbvia. Não vou falar de amor. Não vou contar pra quem é próximo que estou triste. Nem vou dar indiretas. Não vou ser seca, nem fria. Vou agir normalmente, deixando levar, dizer o que der na telha. Se perceberem que estou fora do mundo e que minha felicidade está fora também - mas de cogitação,  ótimo. Vou me dar por satisfeita e ficar calada ou vou derramar rios de lágrimas. Mas não quero chorar as pitangas no ombro de ninguém (e também não quero usar aspas pra citar expressões populares).
Nem mesmo estou transcrevendo isso de um papel, como faço usualmente. Hoje, não estou interessada nem mesmo se alguém vai ler. Hoje estou aqui pra falar. Falar comigo mesma. Pra eu ler o que eu sinto. Pra desabar o peso de viver, pra esvaziar a água impura do corpo, pra sofrer tudo que eu tenho pra sofrer sem nem mesmo contar pra ninguém. Estou aqui pra colocar a pontuação que eu quiser, colocar vírgulas eternas, encher tudo isso de pontos final.
Estou aqui pra reclamar que ninguém percebe meus pormenores, minhas expressões, meus passos tortos. Vou reclamar porque sempre tenho que anunciar o quanto eu sinto e o que eu sinto. Vou cobrar do mundo que me vejam, que me sigam, que se importem. Conheçam-me, por favor. Saibam coisas sobre mim que nem eu mesma sei. Percebam meus mais sutis sinais, corram atrás de mim numa rua movimentada por perceberem que quando virei as costas eu não chorei - porque as lágrimas não vêm a mim com facilidade, mas que sofri por dentro, despedacei dolorosamente. Quero sentir do mundo essa vontade que tenho de curá-lo. Quero me sentir viva, quero voltar a viver, quero minha vida de volta...
Quero tudo girando à minha volta, quero parar de sentir culpa. Quero voltar ao mundo. Quero renascer. E não quero ajuda nenhuma pra isso, já me basta o tanto que sofro sozinha. Mas quero compreensão e um olhar significativo de quem entendeu tudo quando eu menos esperar.