Eu sei que você precisa de mim e que é totalmente inocente, mas mesmo assim fico possuída por um ciúme doentio que vai me matando por dentro e acaba me fazendo te matar também. Eu começo a me sentir sozinha, inútil, insuficiente. E que tipo de amor é esse? Você não é um enfeite de prateleira que eu posso pôr numa redoma de vidro e esconder do mundo.
O Pequeno Príncipe, por tanto amor à sua flor, tentou a proteger de tudo sem nem saber que ela mesma poderia se defender. E, no fim das contas, mesmo livre, a flor continuou a amar o Pequeno Príncipe como sempre.
Mas eu sou mesmo egoísta! Como eu posso amar tanto e desejar apenas coisas que são convenientes para mim? Eu daria mesmo minha vida por você? Será que eu teria o mínimo de coragem de abandonar meu ego pelo amor que eu sinto? Ou será que eu sinto tanto amor só para massagear meu ego? E, sendo assim, por que eu teria algum direito de exigir que você fizesse algum sacrifício por mim?
Eu ganho muito de você e retribuo da forma errada. Eu preciso muito mais de você do que você precisa de mim, e isso me ofende. E é assim que eu vou te machucando pouco a pouco, fazendo isso só para chamar atenção, arruinando sua bondade de relevar meus milhões de defeitos só pra ter um pouco desse meu amor venenoso.
Você, por agora, somente ignora minha frieza e sofre sozinha, sendo sempre doce e gentil pra fingir que nada está acontecendo. Você não me entende; e nem tem como, mesmo. Faz de conta que está tudo bem e me manda um beijo e um boa noite. Diz que me ama e chora sozinha por ter que arcar com seu próprio sofrimento mais o que eu te proporciono. E eu te somo dor ao invés de subtrair.
Não gosto de ferir corações bons, mas isso é só o que eu faço pra me manter viva. O amor não dói; amor de verdade cura. Mas eu, eu só venho pra machucar, ferir, desgastar, pisar, sugar. Eu não valho seu esforço de me amar, pois nem eu mesma me amo direito. Parece que meu eu já percebeu que não sou digna de nada.
Sua inocência uma hora vai dar um basta, vai cansar. Nessa hora você vai entender quantas voltas você deu em volta de mim e nem saiu do lugar. Então eu, nessa tentativa de segurar o fel dentro de mim e te ter presa e por perto, vou ter te afastado em uma tacada só.
Escrevo tudo isso de forma bem simples, desesperada e explícita (quase me arrisco à dar nome aos bois) que é pra você poder entender.