Começo contando que meu ano novo foi muito bom. Tudo aquilo que eu disse que queria sentir, eu senti. Esperança de continuar, embora eu ainda esteja confusa.
Uma ótima novidade (pelo menos pra mim): ganhei um gatinho! Faz umas duas semanas que ele está aqui em casa, agora deve estar com uns 2 meses e meio. É um siamês que fica pulando pra lá e pra cá, bate no vento e morde meu nariz à noite (além de mastigar meu cabelo e miar por QUALQUER MOTIVO). O nome dele é Sawyer. Era para ser James. HÁ -(quem viu Lost, entendeu)
Estive em um dia desses conversando com a minha mãe. Estava lhe contando que descobri que sou um tanto quanto mórbida e melancólica, porque eu me atraio muito por coisas dessa natureza. Não que eu goste de coisas depressivas. Mas sim de coisas com certo apelo gótico, poético, como filmes de Tim Burton, por exemplo. Minha mãe, sabiamente respondeu: "Você diz isso porque gosta de coisas mais profundas. Porque a tristeza é mais profunda que a alegria." Ela não disse nada além da verdade. Ficamos alegres por quanto tempo? Uma hora? Um dia? Uma festa? Mas e quando ficamos tristes, demora quanto tempo, quantos longos e sofridos dias pra esse sentimento passar? Garanto que isso o faz pensar em como a vida é injusta.
Mas a tristeza tem outro tipo de profundidade. É na interpretação. Pois a alegria é uma coisa só, única e perceptível demais a olhos nus. Já a tristeza, é facilmente disfarçada. Tem vários estágios, vários motivos, várias sensações. É muito mais difícil de se entender do que uma simples euforia. E, afinal, não foram nas suas mais profundas tristezas que os poetas criaram obras eternas?
Crônica: Na praça, às nove.
Estava me lembrando de um dia em minha vida que senti uma sensação única. Nunca havia sentido aquilo. E nunca mais senti com tanta intensidade.
Era noite, umas nove horas para dez. Estava no carro com minha mãe, minha cunhada e a mãe dela. Elas estavam conversando, mas eu estava olhando a noite. Era tão interessante ver as poucas pessoas naquela cidadezinha... Foi então que passando pela praça, vi sentado no banco um jovem. Devia ter uns 16 anos. Talvez mais, talvez menos. Ele tinha cabelos negros. vestia uma blusa de manga longa preta, um jeans escuro. Poderia ser só mais um jovem. Mas ele tinha um cigarro na mão. E estava sozinho. Eu, olhando pela janela do carro. Ele olhou dentro dos meus olhos. Parecia que sentia raiva, muita raiva, muita mágoa, muita dor. Estava tão sozinho. Então senti vontade de sair do carro, e sentar ali, do lado dele, abraçá-lo, dizer que ia ficar tudo bem. Mas não fiz isso. Só continuei indo pra minha casa confortável, para minha vida tranquila, minha família feliz e fui o seguindo com o olhar até onde eu pude.
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